domingo, 27 de dezembro de 2015

UM BEIJO MOLHADO

É à noite
que as minhas mãos sabem que têm que ser como olhos
– mas, se assim não fosse, lá estaria a vontade da pele
a gritar-lhes, para que te tocassem.
É à luz dos teus olhos
que os meus, por seu lado, são como boca,
e te comem, às escondidas dos olhos dos outros.
E é no meio de um “quero-te”, sem palavras tuas,
que a minha língua, dona de si, vê a ponta da tua como ouvido,
e lhe sussurra.
(Sergio Lizardo)

Imagem: Dorina Costras

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