domingo, 15 de novembro de 2015

A.M.O.R.

"Paris, a cidade da Liberdade, é, por estes dias, a capital da Dor. Uma transmutação cruel não de opostos mas de génese simbólica: afinal sempre foi pelo sofrimento que a Humanidade construiu os seus maiores desígnios.
Hoje, como ontem, Paris é o cerne que a ignorância e o ódio insistem em atacar precisamente porque daqui se espalharam para o mundo contemporâneo os mais altos valores do saber, do conhecimento, da cultura e da tolerância. Não foi por isso um alvo qualquer. Foi o alvo que a barbárie tentou abalar numa pura manobra de marketing negro, no qual se especializou, e que tem por fim semear medo e sede de vingança usando como instrumento sórdido o assassinato cobarde de inocentes. E também não foi por acaso que esta vileza escolhe para demonstração da sua sinistra propaganda locais onde se praticam as mais puras actividades que separam os Homens das bestas: um estádio de futebol onde decorre um jogo, uma sala de espectáculos onde se celebra a Música, bares e restaurantes onde se desfruta a Vida, as ruas onde se diverte e passeia a Família.
Não poderia ser mais claro o que nos separa: não um Deus, que afinal nos é comum, mas, de um lado a inocência, do outro a embriaguez da perfídia. Foi o livre arbítrio de Voltaire, a dialética socrática, a inquietude do rock e da dança, a alegria do desporto, a placidez de um copo de vinho num fim de tarde transparente, aquilo que quiseram quebrar.
Talvez a Europa saia mais fortalecida desta selvajaria porque não se pode ser solidário apenas pela palavra mas sim pela união em torno da identidade secular que nos é comum e que tentaram atingir. E se a tremenda crise dos refugiados e deslocados, sobretudo Sírios, também eles vítimas desta negritude, não for final e resolutamente assumida como um problema comum a todas as democracias europeias, americanas e africanas, porque é um problema humano e humanitário, e se, pelo contrário, servir o discurso xenófobo da intolerância, então os terroristas terão dado um rude golpe na nossa já tão ténue coesão.
Europeu, português, hoje, e sempre, também francês, endereço aos familiares das vítimas o meu mais profundo pesar. Não que valha de muito, mas pelo que vale para mim, atingido que fui pelas balas que assassinaram os meus concidadãos, os meus pares, nas alamedas, restaurantes e salas de espectáculo que também frequento e continuarei a frequentar.
Não serei vencido pelo ódio mas pela razão. Recuso-me a odiar. E tenho pena pelos milhões que sofrem, homens, mulheres e crianças, nos seus países distantes mas tão próximos, às mãos da brutalidade e da ignorância. A minha luta será a de todos: continuar a fazer o que faço, sem alterar passos, rotinas e sem me remeter ao silêncio. Só assim farei jus aos que pereceram mas também aos altíssimos valores que todos defendemos."

"Paris, la ville de la liberté est en ce jour la capitale de la douleur. Une transmutation cruelle non d'opposition mais de genèse symbolique, finalement c'est toujours dans la douleur que l'humanité constitue son plus grand modèle .Aujourd'hui comme hier, Paris est le noyau que l'ignorance et la haine persistent à attaquer. précisément parce que d'ici c'est répandu dans le monde contemporain les plus grandes valeurs du savoir, de la connaissance, de la culture et de la tolérance. 
Ce n'est pas une cible quelconque, mais une cible que la barbarie à tenter de secouer dans une pure
manœuvre de marketing noir, dans lequel elle c'est spécialisé et qui a pour but de semer la peur et la soif de vengeance utilisant comme instrument sordide le massacre lâche d'innocents. Et ce n'est pas non plus par hasard que cette bassesse choisi pour sa sinistre propagande des lieux où ce pratiques les plus pures activités qui séparent les Hommes des bêtes : un stade de foot en plein match, une salle de spectacle où on célèbre la musique, des bars et des restaurants où on déguste la vie, les rues où se divertissent et se promènent les familles . 
Ce qui nous sépare, ne pourrais être plus claire. Un Dieu qui finalement nous est commun, mais, d'un côté l'innocence, et de l'autre l'intoxication de la perfidie.
C'est le libre arbitre de Voltaire, la dialectique socratique, l'inquiétude du Rock et de la danse, la joie du sport, la placidité d 'un verre de vin dans une fin d'après midi transparente, c'est cela qu'ils ont voulu briser.
Peut être que l'Europe sortira plus renforcée de cette sauvagerie, parce qu'on ne peut être solidaire que par la parole, mais par l'union oui, autour de l'identité laïque qui nous est commune et qu'il on essayé d'atteindre. 
Et si l'énorme crise des réfugiés et des personnes déplacées, surtout les Syriens, ils sont également victimes de cette noirceur, n'est pas la fin et résolument pris comme un problème commun à toutes les démocraties européennes, américaine et africaine, parce que c'est un problème humain et humanitaire, Et si, au contraire, on sert le discours xénophobe de l'intolérance, alors, les terroristes auront donné un sérieux coup à notre cohésion déjà si ténue.
Européen, portugais et aussi français , aujourd'hui, comme toujours, j'adresse aux proches des victimes, ma très profonde pensée. Qui ne vaut pas tant que ça, mais pour ce qu'elle vaut pour moi, atteint par les balles qui ont assassinées mes concitoyens, mes paires, dans les centres commerciaux, les restaurants, les salles de spectacles que j'ai aussi fréquentés et que je continue a fréquenter.
Je ne serais pas vaincu par la haine, mais par la raison. Je me refuse à haïr. J'ai de la peine pour les milliers d'hommes, de femmes et d 'enfants qui souffrent éloignés de leurs pays et si proche, entre les mains de la brutalité et de l'ignorance. Ma lutte sera celle de tous, je continuerais à faire ce que je fais, sans changer mes pas, mes routines, et sans me référer au silence. C'est seulement ainsi que je rendrais justice à ceux qui ont péri, mais aussi aux grandes valeurs que nous défendons tous.
(Pedro Abrunhosa - Aqui)
14.11.15



2 comentários:

  1. Assim todos conseguissem partilhar esta visão…

    Beijinho,
    FATifer

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    1. FATifer,
      se todos conseguissem, haveria com certeza, esperança para a humanidade...
      ...mas, infelizmente, a ignorância continua a ser a visão mais partilhada e o resultado é o que vemos!

      Beijinho e resto de bom fim semana :)

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