quinta-feira, 24 de setembro de 2015

"Não é um roubo, é uma visita de estudo permanente"

Neste momento, tenho em casa pacotes de leite com um prazo de validade superior ao de certos manuais escolares. Pessoalmente, estou convencido de que os livros duram demasiado. Se eu mandasse, os alunos teriam de comprar um livro novo todos os trimestres. O próprio acto de adquirir o livro constituiria metade do programa de estudos. Dirigindo-se à livraria de três em três meses para adquirir novos manuais actualizados, o estudante tomaria consciência da forma como o conhecimento científico se vai substituindo a si mesmo. Compreenderia a teoria de Thomas Kuhn sobre o modo como as revoluções científicas se sucedem sem nunca ter lido o livro. Eu, que li o livro, não o percebi bem - pelo menos tão bem como entenderia se tivesse de adquirir sucessivamente livros sobre a mesma matéria por causa de pequenas alterações.
Por outro lado, a aquisição constante de livros caros funciona, também, como uma experiência científica. Gastar centenas de euros em manuais todos os anos permite observar o efeito da privação de alimentos no organismo. Em muitas famílias, parte do dinheiro destinado à alimentação vai para os livros; a fome gera subnutrição; o aluno estuda os efeitos da subnutrição no manual de biologia e verifica-os no próprio corpo. Não é um roubo, é uma visita de estudo permanente
(Ricardo Araújo Pereira) aqui





7 comentários:

  1. O deboche e o exagero são utilizados por maior parte dos humoristas como receita de sucesso... só que nem sempre resultam bem.
    Mas sim, verdade verdadinha que os livros são caros com´ó caraças!
    Porque felizmente o prazo de validade dos manuais escolares não é tão curto assim, eu ainda consegui uma poupança significativa durante uns anos em que (por estarem na mesma escola) o meu filho pôde aproveitar os manuais da prima, dois anos mais velha do que ele.

    Beijinhos dentro do prazo
    (^^)

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  2. Neste assunto apenas posso dizer que não entendo o porquê de ainda haver livros de estudo em papel… e mais não digo.

    Beijinhos,
    FATifer

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    1. BM, se me dás licença vou aqui responder ao FATifer, posso?

      Meu querido amigo, sobre isso posso eu falar-te um pouco.
      Já há escolas (privadas, obviamente) que já implementaram com carácter obrigatório o sistema de livros virtuais. No caso que conheço mais de perto, os alunos não levam livros para as aulas, utilizam apenas um tablet onde estão armazenados os livros e onde podem consultar todas as informações pertinentes, como consultar correio electrónico para onde os professores enviam material suplementar... etc, e fica ainda à escolha dos alunos utilizar cadernos em papel ou não.
      Até aqui tudo muito moderno e giro!

      Mas na prática que vantagens existem nesta solução?
      A óbvia... os alunos não têm de carregar o peso dos livros. Ah e tal, é tudo muito divertido e assim até apetece estudar! :)
      Mas resolve o problema da despesa anual que as famílias têm de despender em manuais escolares?? Claro que não! Esta solução onera ainda mais a carga financeira!
      Só um tablet adequado para poder trabalhar custa mais que o orçamento total em material escolar para um ano inteiro. Depois ainda há as licenças dos manuais, tudo muito controladinho com passwords individuais... licenças que são apenas válidas por um ano. E o caricato da questão... é que os alunos optam por comprar na mesma os manuais em papel... porque afirmam que para estudar em casa preferem os livros mesmo!! E quanto à possibilidade em não usar cadernos para fazer apontamentos dizem: "nem pensar!! Com o tablet não se consegue escrever e organizar a informação em tempo útil! Isso só escrevendo nos cadernos físicos."

      Como vês, o futuro é já hoje! Mas não é necessariamente melhor em todos os aspectos do que o passado.

      Beijinhos aos dois
      (^^)

      (minha linda... desculpa-me o abuso verborreico)

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    2. Minha cara deusa,

      Agradeço a fotografia da actualidade escolar (da qual estou desligado e palpita-me que assim continuarei). Embora por um lado entenda, por outro a apenas fico mais “baralhado”, o que me levaria a insistir ainda mais na minha dúvida inicial. Em todo o caso esta era, como me fizeste ver, mal colocada pois não tinha em conta todos os aspectos da questão e o que acaba por assumir maior relevância é sempre o mesmo, alguém quer sempre ganhar dinheiro com a coisa (seja ela qual for).

      Beijinhos,
      FATifer

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  3. Se até consigo perceber que a nível universitário, sobretudo em cursos técnicos, haja uma evolução constante das matérias, não o consigo justificar no básico e secundário!
    O Alfabeto não muda, as consoantes e as vogais também não, quanto muito, nos últimos anos, mudou a grafia, à custa de um tratado que não estando ratificado por todos os paises que o assinaram nem devia estar em vigor (e que se saiba só está em vigor em Portugal porque, como se sabe, somos mais papistas que o Papa)!
    Mesmo em disciplinas técnicas e de evolução permanente, como a Física, por exemplo, mantêm os fundamentos porque as leis fundamentais não se alteram!
    Então onde é que está a desculpa para haver tantos manuais a dizer a mesma coisa todos os anos?

    :)

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    1. Cláudio,
      O mercado livreiro é um negócio como outro qualquer. Se editam livros novos todos os anos, quem gere o negócio são eles... eles lá saberão. A única coisa que sei enquanto mãe de um filho em idade escolar e enquanto professora, é que uma vez escolhido um manual numa escola, ele tem a validade mínima de quatro anos até poder ser mudado.

      Beijinhos à menina e aos meninos presentes... e já agora também aos ausentes.
      (^^)

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  4. Queridos comentadores Afrodite, FATifer e C.N.Gil,

    Apesar de eu pertencer ao mesmo “clube” do FATifer, já passei pela experiência da aquisição de manuais escolares (que descrevo no post que acabei de publicar) e a juntar aos testemunhos que ouço de amigos e familiares que lidam com essa realidade, o RAP não deixa de ter alguma razão!

    Beijinhos e bom fim de semana :)

    BM

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