segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Obrigatório ler!!!

É um frango com cloro, se faz favor 

Escrito por Pedro Santos Quinta, 06 Novembro 2014

Daqui a uns meses é bem provável que quando forem ao supermercado encontrem à venda muitas variedades de produtos americanos. Alguns vão ter ingredientes proibidos na Europa há décadas: carne criada com hormonas que pode provocar cancro em humanos, frutas e legumes geneticamente modificados (alterados em laboratório), frangos lavados com dióxido de cloro ou animais clonados. Tudo isto vai ser legal. 
A causa é um acordo internacional de comércio entre o governo dos Estados Unidos da América (EUA) e a Comissão Europeia (CE). Deve entrar em vigor em 2015. Chama-se “Tratado de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento” e é conhecido pela sigla TTIP. Diz-se que o objectivo é eliminar barreiras comerciais para facilitar a compra e venda de bens e serviços entre os EUA e a CE. A ideia é fazercom que a lei mais branda, de um lado ou do outro do Atlântico, passe a ser a regra nos dois lados. Por isso é que, se for avante, vamos comer carne com hormonas. 
As negociações são secretas. Este outubro, 40 eurodeputados manifestaram-se em frente a uma sala fechada, no Parlamento Europeu, onde estão os documentos do TTIP, porque só meia-dúzia de parlamentares, com autorização especial, pode lá entrar. Os outros estão proibidos. As informações têm sido negadas a cidadãos e jornalistas. 
O que tem Portugal a ganhar com isto? Nada. O Acordo está a ser anunciado como uma forma de criar emprego e oportunidades para as empresas, mas até no estudo que a Comissão Europeia apresentou para o justificar se diz que, na melhor das hipóteses, o efeito positivo na economia portuguesa será de 0,66% do PIB, até 2030. O que trás de mau? Coisas que vão mudar para sempre a nossa vida e das nossas crianças. E que só se souberam por fugas de informação. Se avançar teremos: 
Menos Saúde: o preço dos medicamentos vai subir, porque as farmacêuticas vão aumentar a protecção das patentes e limitar o acesso aos genéricos; 
Menos Segurança Alimentar: nos EUA, os animais são alimentados com grandes doses e tipos de hormonas e antibióticos proibidos na Europa; 
Menos Proteção Ambiental: privatização das sementes. Quando uma empresa tiver a patente de uma variedade de batata, tomate ou couve, por exemplo, esse produto passa a ser da empresa e os agricultores ficam proibidos de utilizar as sementes, suas ou outras, que não sejam daquela empresa. Isto já acontece nos EUA com as sementes de soja. A Monsanto, empresa americana, é dona de uma variedade de soja transgénica e 80% de toda a soja produzida no mundo vem das sementes que só a Monsanto pode vender; 
Menos Democracia e Direitos no Trabalho: as empresas vão poder processar um Estado sempre que este tome decisões que possam pôr em risco os seus lucros futuros. A empresa francesa Veolia (fornecimento de água) processou o Estado egípcio quando este decidiu aumentar o salário mínimo. Ganhou o processo e muitos milhões. Se o acordo estivesse hoje em vigor, talvez o governo português já estivesse a ser processado por ter aumentado o miserável salário mínimo nacional para os €505. O pior de tudo é que estes processos não serão decididos num tribunal normal, mas sim num centro de resolução de conflitos privado, onde não há juízes. Sem qualquer controlo cidadão. Normalmente o Estado perde. 

Saibam mais sobre o assunto nestes sites: http://parceriatransatlantica.wordpress.com ou www.nao-ao-ttip.pt

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